Thursday, March 17, 2022

 


                   O MUNDO EM TROVAS

                   Francisco Miguel de Moura*

 

O mundo não vale nada,

Se o boi muge, o homem berra

Nesta vida tão malvada,

Plantando sangue na terra.

 

Quem sabe o que é, quem sabe?

Por isto é que muito se erra,

E antes que tudo desabe,

Não salva os irmãos da guerra.

 

Palavras não valem palma,

Se o sangue espirra na terra,

Escorre e some, sem calma

De  quem caiu nessa ferra.

 

Mundo, mundo, descalabro,

És um mundo pobre e triste,

Pois, cada página que abro

É um livro que não existe.

 

Mão na frente e mão atrás,

O corpo é fumaça e indício

Da voz que é de Satanás,

Indicando um precipício.


O mundo torto, louco, imundo,

A natureza se emperra.

Nem Maria, nem Raimundo,

Jamais salvarão a terra.

 

Não importa em que país,

Importa é quem nele habita,

Onde a alma criou raiz.

Tudo mais é a contradita.

 

Seja maior ou menor,

O homem será o mesmo,

Pois foi feito com amor

E não pra virar torresmo.

 

O mundo que vale é cheio

De alegria e de frescor,

O mundo com guerra veio

Para implantar seu terror.

 

O mundo só vive em paz

Longe do mal que é a dor

Da guerra bruta, incapaz

De transformar-se em amor.

_____________

 *Francisco Miguel de Moura, poeta e trovador.

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