O MUNDO EM TROVAS
Francisco Miguel de Moura*
O mundo não vale nada,
Se o boi muge, o homem berra
Nesta vida tão malvada,
Plantando sangue na terra.
Quem sabe o que é, quem sabe?
Por isto é que muito se erra,
E antes que tudo desabe,
Não salva os irmãos da guerra.
Palavras não valem palma,
Se o sangue espirra na terra,
Escorre e some, sem calma
De quem caiu nessa
ferra.
Mundo, mundo, descalabro,
És um mundo pobre e triste,
Pois, cada página que abro
É um livro que não existe.
Mão na frente e mão atrás,
O corpo é fumaça e indício
Da voz que é de Satanás,
Indicando um precipício.
O mundo torto, louco, imundo,
A natureza se emperra.
Nem Maria, nem Raimundo,
Jamais salvarão a terra.
Não importa em que país,
Importa é quem nele habita,
Onde a alma criou raiz.
Tudo mais é a contradita.
Seja maior ou menor,
O homem será o mesmo,
Pois foi feito com amor
E não pra virar torresmo.
O mundo que vale é cheio
De alegria e de frescor,
O mundo com guerra veio
Para implantar seu terror.
O mundo só vive em paz
Longe do mal que é a dor
Da guerra bruta, incapaz
De transformar-se em amor.
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*Francisco
Miguel de Moura, poeta e trovador.
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