Thursday, April 17, 2025

 



INTERLAGOS - TROVAS PARA SOLON     

                          Francisco Miguel de Moura*                           

                   I

Solon tem uma fazenda

Onde estivemos um dia,

Depois do café, a agenda,

E ele próprio de guia.

 

Eu e ele (e a Mécia ia):

Um passeio de encomenda,

Em tão calma companhia,

Aos dois lagos e à fazenda.

 

Nunca vi tanta beleza!

Juntos a gente descia

A trilha, que por surpresa,

Ninguém cair não caía.

 

Água fresca para o banho:

Como a gente se extasia!

Oh! tempo bom sem tamanho,

Sol nascente, um belo dia!

 

 

Se houvesse tempo pro banho,

Oh! A gente banharia!

Assim mesmo, quanto ganho

Vendo a água que escorria.

 

Em dois, o lago se abria

E os peixes...  Quase eu apanho

Com a mão, que já tremia

Ao vento fresco tamanho!

 

Àgua limpa, sem arranho...

O morro ao longe extasia

E o cheiro da mata, o ganho

Que a fazenda oferecia. 

 

Descrevendo seu amanho,

Perguntei por sapo e jia,

Das que saltam e, em rebanho,

Cantam de noite e de dia:

 

- “Só na noite sem tamanho...

E os pássaros vêm de dia,

Eles cantam, com assanho,

Na madrugada mais fria”.

 

“Mais tarde vem o rebanho,

Todos cheios de alegria,

Buscando rações e amanho

Trazendo cantos de orgia.

 

Dias alegres...  Que ganho!

Tão logo que rompe o dia!

Quando é noite, já me apanho

Em Jaicós, minha guia”.

 

               II

Agora mudo de rima,

Pra mostrar o passadiço

E a gente não fica omisso...

Facas em cruz?...  Bem acima.

 

O sinal da paz que anima

A criatura... E por isso,

Saltamos os três, do clima,

Sem milagre, lembro disso.

 

Serviçal também havia

Pra fazer todo o serviço...

Uma porca já se via

E um cachorro roliço. 

 

 

Na casa cobra não ia

Por causa do passadiço

E da cerca que o seguia,

Pra não furar no enguiço.

 

Bastante perigo eu via,

Mas enfrentei sem feitiço,

Vencendo o perigo eu ia

Saltando em chão movediço...

 

De areia e pedra... Era isso

Que no outro lado havia.

Na volta, sem compromisso,

O mesmo salto eu fazia.

 

No salto pra dentro, ou isso,

Uma bela casa havia,

Casa limpa, por serviço

Do serviçal que o servia.

 

             III

 

Agora, pra terminar,

Deixo a rima noutro estado...

Sua viola vai tocar

E nós ouvindo a seu lado.

 

Tomamos cerveja e vinho

Ouvindo o tom-poesia...

Não preciso de adivinho

Pra dizer sua alegria.

 

Maior alegria, a nossa

Por tão poética poesia,

Alegre sem fazer mossa

Parou, voltar...Quem queria?

 

O dia estava em metade,

Voltamos naquele dia

Para o almoço de verdade

Que ele mandava e servia.

 

Solon tem tão alta estima

Por fazer tudo o que faz...

Muito obrigado! Não rima,

Mas é o que a gente traz.

 

Parabéns, grande Solon,

Com estes versos na mão,

Por tudo o que faz de bom

Por seu grande coração.

______________________

*Francisco Miguel de Moura, poeta e prosador, conhecido também

por Chico Miguel e amigo de José Solon Reis, um grande coração,

registrando um tempo bom que passou.

 

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