J. P. UMA LEGENDA
Francisco Miguel de Moura*
como no soneto
viniciano
ouviu-se um tropel de repente
e a tarde que caía
devagar
sumiu deixando o
feijão duro na trempe
que ainda arde
foi dor de dente sem
dentista
que massacra e dá-nos um “bom dia”
inclemente:
adentrou-se na longa noite
e os já esperados
naquela madrugada
bateram como se
fossem
- subversivos!
- quem está? ou quem vem?
entraram e desarmaram
os desarmado
e não levaram nada
só papel mais
papel... e uma lista
depois a espera fora
do tempo
depois a espera por
dentro de si:
- “esconderam o
comunista?”
para que pisaram à
flor da terra?
nasceram cactus abriram-se feridas
cantando o hino da
vitória
joão paulo se matou:
“antes que me matem!”
e nada mais disse
mas lhe encheram os
autos.
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*Francisco Miguel
de Moura, poeta brasileiro, sim senhor.
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