terça-feira, 17 de dezembro de 2024

 


                        A CASA DO POETA

           

                      Francisco Miguel de Moura*

 

Ficaria num alto, assim e assim...

A casa em que nasci... Era pequena

De taipa e telha, no alto da colina

De onde me vi nos bois e seus passeios.

 

E à  noite, se acendesse a lua cheia,

A estrada era tão branca e parecia

Um rio de águas claras me clareando

A baixada, na busca de outro rio.

 

Tinha um quarto, uma sala e uma rede

Para embalar-me no calor febril,

E a cozinha era a copa do segredo.

 

Não havia fachada. As telhas tortas,

Sujas, pretas do tempo e sol sem chuva...

Por que então destruíram meu brinquedo?

______________
*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.


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